musikinha do Post >.<

domingo, 28 de agosto de 2011

Escrevo


Escrevo e então atiro ao vento, ele que leve os versos onde eles tem que ir. Escrevo quando nada mais me resta. Escrevo quando não quero mentir. Escrevo quando me canso de fingir. Escrevo para a Lua e as estrelas. Escrevo para uma ilha nem tão distante. Escrevo para a flor rubra. Escrevo para os escritores. Escrevo mutando palavras me fazendo de desentendido. Escrevo ansiando pelo porvir. Escrevo com sede de vitae. Escrevo para frustrar as frustrações. Escrevo para expor os hipócritas. Escrevo para desagradar e causar repulsa. Escrevo para causar amor e eloquência. Escrevo e no final tudo vira 'papel de fumar' . Escrevo quando preciso gritar, mas ninguém pode escutar.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

EU MATO!

"Me mato!
Com meias metáforas,
enigmas indecifráveis,
digo, pseudo-indecifráveis,
de belas palavras,
Me mato!

Me mato!
De dizer o que penso,
com línguas poéticas,
palavras ecléticas,
digo o que penso?
Me mato!

Me mato!
Exalto emoção,
faço o mundo,
de escudo pra tudo,
e se vai a compreensão.
A mato!
E mais uma vez...
Me mato!"

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tecer


"A Lua que harmoniza
a vida por inteira
tece minha ilha
com sede de roseiras
cria voôs em sonhos
cria poses de ilusão

A Nuvem que impede
a chama do casebre
no harem que anoitece
de ser 'inda mais alegre
tece a ilha de sonhos
tece a noite de ilusão

provar
o doce de muitas fontes
o mel enjaulado
fazer o possível
e crescer
minha mortalidade

até que venha à alma
deste harem mais belo
desta chama cálida
deste frio terno..."

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Na Fila da Liberdade



"É interessante notar as diferenças em filas, de um lugar para o outro. Em Florianópolis, por exemplo, tanto nas filas de banco como de supermercado, as pessoas ficam conversando, com calma, esperando. Mesmo no Rio de Janeiro, enfrenta-se uma fila com mais humor.

Em São Paulo, a fila é uma tortura. A fila é triste e interminável. Parece que, se fosse possível, a gente mataria aqueles quatro ou cinco que estão na nossa frente. E, se alguém conversa com alguém, o assunto é a própria fila. Uns chegam a dizer palavras chulas. Xingam, como se a culpa fosse da pobre mocinha que está do outro lado da fila, muito mais aflita que os filenses.

Pois foi numa dessas filas que o fato se deu.

Era uma bela fila, de umas dez pessoas. E em supermercado, com aqueles carrinhos lotados, a gente ali olhando a mocinha tirar latinha por latinha, rolo por rolo de papel higiênico, aquela coisa que não tem fim mesmo. E naquela fila tinha um garotinho de uns dez anos, que existe apenas uma palavra para definir a figurinha: um pentelho. Como muito bem define o Houaiss: “pessoa que exaspera com sua presença, que importuna, que não dá paz aos outros”.

Pois ali estava o pentelhinho no auge de sua pentelhação. Quanto mais demorava, mais ele se aprimorava. E a mãe, ao lado, impassível. Chegou uma hora que o garoto começou a mexer nas compras dos outros. Tirar leite condensado de um carrinho e colocar no outro. Gritava, ria, dava piruetas. Era o reizinho da fila. E a mãe, não era com ela.

Na fila ao lado (aquela de velhos, deficientes e grávidas), tinha um casal de velhinhos. Mas velhinhos mesmo, de mãos dadas. Ali, pelo oitenta anos. A velhinha, não aguentando mais a situação, resolveu tomar as dores de todos e foi falar com a mãe. Que ela desse um jeito no garoto, que ela tomasse uma providência. No que a mãe, de alto e bom tom:

- Educo meu filho assim, minha senhora. Com liberdade, sem repressão. Meu filho é livre e feliz. É assim que se deve educar as crianças hoje em dia.

A velhinha ainda ameaçou dizer alguma coisa, mas se sentiu antiga, ultrapassada. Voltou para a sua fila. Só que não encontrou o seu marido, que havia sumido.

Não demorou muito e voltou o marido com um galão de água de cinco litros e, calmamente se aproximou da mãe do pentelho, abriu e entornou tudo na cabeça da mulher.

- O que é isso, meu senhor?

O velhinho colocou o vasilhame (que palavra antiga) no seu carrinho e enquanto a mulher esbravejava e o pentelho morria de rir, disse bem alto:

- Também fui educado com liberdade!!!

Foi ovacionado."

-Mario Prata